Finalmente criei um blog, mas infelizmente os textos que coloco não são da minha autoria, um dia, quem sabe, me atrevo a escrever alguma coisa.
Estou tentando, ao máximo, ser fiel aos escritores, mas nem sempre consigo, então na incerteza da autoria, estou colocando AD (Autor Desconhecido). Com relação às fotos, estou buscando no Google e não cito as fontes por não saber a quem pertence.
Caso você encontre aqui algum erro de autoria, alguma foto que não posso usar sem citar a fonte, favor comunicar.

Meus beijos e sejam bem vindos!
Virgínia Costa

domingo, 16 de outubro de 2011

Ainda sobre separação

A crônica A separação como um ato de amor, resultou em inúmeros depoimentos de leitores. Muitas pessoas me escreveram dizendo que adorariam ter se separado de uma maneira mais cordial, menos violenta, mas que infelizmente não havia sido assim com elas.

Outros disseram que conseguiram chegar a um consenso e manter a amizade e o afeto, tal qual foi descrito no texto. Outros ainda disseram que vivem casados e felizes há 40 anos e esperam jamais precisar passar por um divórcio.
O que importa é que em todos os e-mails encontrei doçura e boa vontade para viver relações mais civilizadas, que possibilitem uma ruptura menos traumática, no caso de um dia ela ser necessária.
Estava tudo assim cor-de-rosa quando entrou o e-mail de uma mulher de uns 30 anos dizendo que separação amigável é irreal. Conversa pra boi dormir. Ex-marido e ex-mulher são sempre uma pedra no sapato. Que o máximo que devemos fazer por eles é tolerá-los em situações em que não haja outra saída.
Era um e-mail enérgico e, por isso mesmo, engraçado, o que me fez lembrar imediatamente de um livro que acaba de ser lançado e que, em vez da visão poética e afetiva do Nas tuas mãos, de Inês Pedrosa, que me serviu de gancho para a primeira crônica, traz uma visão mais ácida do assunto.
Ácida, hilária e também muito verdadeira, porque não existe uma verdade única sobre o tema. O título: O diabo que te carregue!, da ótima Stella Florence.
Stella não esconde de ninguém que 90% do que relata no livro aconteceu com ela. Então misture um depoimento biográfico com pitadas de um humor selvagem e um texto superbem escrito e eis uma obra que será excelente companhia para quem está passando pelo desgaste de uma separação, ou já passou, ou desconfia que vai passar. Riso e reflexão: tem dobradinha melhor para quando se está arrancando os cabelos e vivenciando um apocalipse now?
Em O diabo que te carregue!, o casal não acaba junto, óbvio (livros sobre separação já vêm com o final revelado). Mas apesar de todos os destemperos, mágoas, acessos de fúria, solidão, discussões sobre grana, sobre filhos, raivas contidas e raivas extrapoladas, nota-se que o ex de Stella sobreviveu muito bem à história, tanto que é ele quem escreve o prefácio. É ou não é um mundo civilizado?
Só não é mais civilizado porque a maioria das pessoas ainda tem o costume de se render muito facilmente ao script que nos entregam no berço, sem nos dar chance para bolar outras formas de ser feliz e até outras formas de ser infeliz.
Se todo mundo diz que separação é, obrigatoriamente, um colapso de conseqüências trágicas, lá vamos nós nos comportar como se estivéssemos vivendo as tais conseqüências trágicas, quando talvez estejamos apenas temendo a liberdade da qual nos desacostumamos, mais nada.
Claro que toda separação é um angu, mas há maneiras e maneiras de se lidar com ela. Uns aceitam a tristeza como algo inevitável, temporário e enriquecedor, outros transformam sua dor em catarse coletiva onde o humor e a inteligência vencem no final.
Qual destes roteiros é mais realista? Eu diria que tudo é real, transitório e reversível. Assim como um casamento pode não dar certo, uma separação também pode não dar certo. Não é uma idéia alentadora? 
Gente, nossa separação não deu certo! Volta tudo como era antes.
Melhor do que se preocupar com um happy end ou com um unhappy end é desejar que tudo tenha uma continuidade, estejamos sós ou acompanhados. O livro da Stella é mais ou menos isso: uma caminhada cheia de contratempos até descobrir com alívio, lá no fim, que não há fim, a vida segue.

(Martha Medeiros)

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