Finalmente criei um blog, mas infelizmente os textos que coloco não são da minha autoria, um dia, quem sabe, me atrevo a escrever alguma coisa.
Estou tentando, ao máximo, ser fiel aos escritores, mas nem sempre consigo, então na incerteza da autoria, estou colocando AD (Autor Desconhecido). Com relação às fotos, estou buscando no Google e não cito as fontes por não saber a quem pertence.
Caso você encontre aqui algum erro de autoria, alguma foto que não posso usar sem citar a fonte, favor comunicar.

Meus beijos e sejam bem vindos!
Virgínia Costa

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Leal ou fiel?

Sou da opinião que lealdade e fidelidade são duas coisas bem diferentes, em que pese o fato de serem facilmente confundíveis.

Diferenciar coisas tão parecidas, e que ainda por cima se completam e se confundem é uma tarefa extremamente difícil, o que geralmente requer que se usem exemplos claros e práticos para dirimir qualquer possível duvida.

A principio pode-se pensar que se trata do uso de palavras diferentes para expressar a mesma idéia, a mesma ação, o mesmo sentimento. Não é. Da mesma forma que ética é diferente de moral, lealdade difere de fidelidade.

Lealdade é uma espécie de mãe, de coletivo de fidelidade. Lealdade você tem que ter em primeiro lugar para consigo mesmo para que só então, possa ser no mínimo fiel para com os outros.

O mais incrível nisso tudo é que o oposto de fidelidade é infidelidade e de lealdade é deslealdade. No entanto há uma palavra que sintetiza o oposto das duas. Traição. Inclusive, traição não possui um antônimo único, prefixal. Não existem as palavras intraição ou destraição.

Há uma linha tênue entre estes dois sentimentos, entre estas duas ações, mas em minha opinião, são coisas bem distintas uma da outra.

(in) fidelidade A fidelidade e a lealdade para com os outros não existe, de facto. Somos fieis e leais a nós mesmos e aos nossos valores. Somos fieis sempre, tanto com x como com y. Somos leais aos amigos, tanto masculinos como femininos. A fidelidade e a lealdade é, portanto, algo de muito pessoal e não depende assim tanto do outro como alguns pensam.

Porém, o conceito de fidelidade difere muito de pessoa para pessoa. Para alguns, é trair com o pensamento: desejar alguém intensamente. Para outros, é haver envolvimento amoroso. Para certas pessoas, é um envolvimento sexual.

(Joaquim Haickel)

sábado, 2 de outubro de 2010

A gaiola

Dentro de uma linda gaiola vivia um passarinho, que tinha uma vida segura e tranqüila. Era monótona, é verdade, mas a monotonia é o preço que se paga pela segurança.

Nos limites de uma gaiola, os sonhos aparecem, mas logo morrem, por não haver espaço para baterem asas. Só fica um grande buraco na alma, que cada um enche como pode.

Assim, restava ao passarinho ficar pulando de um poleiro para outro, comer, beber, dormir e cantar. O seu canto era o aluguel que pagava ao seu dono pelo gozo da segurança da gaiola.

Do seu pequeno espaço ele olhava os bem-te-vis, atrás dos bichinhos; os beija-flores, com seu mágico bater de asas; as rolinhas, arrulhando, fazendo amor; as pombas, voando como flechas. Ah! Ele queria ser como os outros pássaros, livres… Ah! Se aquela porta se abrisse…

Pois não é que, para sua surpresa, naquele dia o seu dono a esqueceu aberta? Agora ele poderia agora realizar todos os seus sonhos. Estava livre, livre, livre!

Ele saiu e voou para o galho mais próximo. Olhou para baixo e pensou: “Puxa! Como é alto! O chão da gaiola fica bem mais perto”. Sentiu um pouco de tontura. Teve medo de cair, e agachou-se no galho, para ter mais firmeza. Viu outra árvore mais distante, teve vontade de ir até lá, mas não estava seguro de que suas asas agüentariam, e agarrou-se ao galho mais firmemente ainda.

- Hei você! – era uma passarinha – Vamos voar juntos até aquela pimenteira? Ela está carregadinha de pimentas vermelhas e deliciosas. É preciso apenas prestar atenção no gato, que anda por lá…

Ele ficou todo arrepiado só de ouvir o nome gato, e disse para a passarinha que não gostava de pimentas. A passarinha então procurou outro companheiro, já que ele decidiu continuar com fome.

Chegou o fim da tarde e a noite se aproximava. Onde iria dormir? Lembrou-se do prego amigo, na parede da cozinha, onde a sua gaiola ficava dependurada. Teve saudades dele.

Teria de dormir num galho de árvore, sem proteção? Gatos sobem em árvores? Eles enxergam no escuro? Tinha também que pensar nos meninos com seus estilingues, no dia seguinte.

Ele nunca imaginara que a liberdade fosse tão complicada. Teve saudades da gaiola, e voltou. Felizmente a porta ainda estava aberta. Em seguida chegou o dono, e percebendo a porta aberta, imediatamente a fechou e disse: “Passarinho bobo! Passarinho de verdade gosta mesmo é de voar!”.

Mas o passarinho preferiu voltar para sua “vidinha” tranquila e segura…

(Adaptado por Marco Fabossi do Texto de Rubem Alves)