Finalmente criei um blog, mas infelizmente os textos que coloco não são da minha autoria, um dia, quem sabe, me atrevo a escrever alguma coisa.
Estou tentando, ao máximo, ser fiel aos escritores, mas nem sempre consigo, então na incerteza da autoria, estou colocando AD (Autor Desconhecido). Com relação às fotos, estou buscando no Google e não cito as fontes por não saber a quem pertence.
Caso você encontre aqui algum erro de autoria, alguma foto que não posso usar sem citar a fonte, favor comunicar.

Meus beijos e sejam bem vindos!
Virgínia Costa

domingo, 8 de maio de 2011

Quis trair você

Senta aqui, Morena. Aconteceu uma coisa. Aquilo que acomete qualquer casal, mas que parecia jamais nos alcançar. Fui perseguido por aquele impulso espontâneo e independente de reflexão que nasce com todo homem, e também pela "girafa-loira-azeda", como apelidaste a única de minhas colegas que melindrou você. Aplausos pra sua intuição feminina, creio agora cegamente no seu bruxismo.

Sempre flertei esportivamente como um meio hábil de bolinar meu orgulho macho, manter flamada minha testosterona, apenas pela necessidade de sentir-me homem, o que de alguma forma inexplicável se dissipou com o tempo. Poderia jurar, não o tive como resolução de ano-novo. As conversas de boteco, onde a infidelidade é lugar-comum entre os integrantes, me baralhou o certo e o errado. Embora nada disso apoie um perdão.

Poderia até arrumar falsos álibis, corroborar que você também é culpada com sua despreocupação em assassinar as fomes sexuais que mal desconfio que tenhas. Mas nada disso seria justo ou até mesmo verdade. Quase fiz pois queria voltar à cena, me sentir pulsante, vai ver. Quase fiz pra me enquadrar na natureza masculina. Contudo, na hora não deu.

Era um cheiro novo. Bom, mais novo. Diferente, errante, pecaminoso, interdito, revitalizante. Eram linguajares aos quais não estava habituado, procedimentos de acobertação em falsete. Carro na esquina, olhar aflito pra todo lado, tesão à paisana, não saber como tratar uma mulher que não deseja além de sexo prático e desvalido, faminta por provar a si mesma da escassez de amor do mundo. Se fosse pra errar, teria de haver ao menos algum entusiasmo. Teria de ser bem feito, pra mim ou pra você.

É isso. Tive o tesão de fazer, armei a cena e dei pra trás. O que me impediu de seguir? A extinção fugaz de algumas coisas, talvez. Minha namorada deixaria de ser também minha melhor amiga, por exemplo. Realizei como seria lavarmos a louça juntos, como olhar as tonalidades de verão na sua retina num dia chuvoso e cinza, como encarar uma pergunta direta sobre isso, na lata. Vi toda nossa história até aqui fragmentada, levitando janela afora tal a Mary Poppins.

Tenho muito ainda por ser homem contigo, tenho dezenas de desejos ocultos a cavocar em você ao invés de expandir essa masculinidade entre paredes blasé e luz neon. Quero transar contigo, de qualquer jeito, ultrapassar suas próprias resistências, lutar contra seu cansaço, sua sujeira, suas dores, sua letargia, seu reumatismo sexual. Se for pra trair, quero fazê-lo com você mesma.

É o prenúncio do fim, quando a gente deixa de seduzir um ao outro dentro do namoro. Bem sei que reativar nossa conexão, saciar nossas virgindades, ser e fazer feliz em cima da nossa própria cama, te virar do avesso, igualmente me fará sentir macho quanto meus cupinchas de bar. Meu clube é dos crimes que compensam, Morena. Palavra de homem.

(Gabito Nunes)
http://www.carascomoeu.com.br

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