Finalmente criei um blog, mas infelizmente os textos que coloco não são da minha autoria, um dia, quem sabe, me atrevo a escrever alguma coisa.
Estou tentando, ao máximo, ser fiel aos escritores, mas nem sempre consigo, então na incerteza da autoria, estou colocando AD (Autor Desconhecido). Com relação às fotos, estou buscando no Google e não cito as fontes por não saber a quem pertence.
Caso você encontre aqui algum erro de autoria, alguma foto que não posso usar sem citar a fonte, favor comunicar.

Meus beijos e sejam bem vindos!
Virgínia Costa

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Não Dá Mais Pra Segurar (Explode Coração)


Chega de tentar dissimular
E disfarçar e esconder
O que não dá mais pra ocultar
E eu não quero mais calar

Já que o brilho desse olhar
Foi traidor e entregou
O que você tentou conter
O que você não quis desabafar

Chega de temer,chorar
Sofrer, sorrir, se dar
E se perder e se achar

E tudo aquilo que é viver
Eu quero mais é me abrir
E que essa vida entre assim

Como se fosse o sol
Disvirginando a madrugada
Quero sentir a dor dessa manhã

Nascendo, rompendo, tomando
Rasgando meu corpo e, então, eu
Chorando, sorrindo, sofrendo, adorando, gritando

Feito louca,alucinado e criança
Eu quero o meu amor se derramando
Não dá mais prá segurar
Explode coração!

(Gonzaguinha)

Se não é amor


Se não é amor
Por que você me olha desse jeito,
E faz essa bagunça no meu peito,
Em cada vez que a gente chega perto?
Se não é amor...
O que que eu tenho a ver com a sua vida
Por que não aceito logo a despedida,
Te deixo, vou embora e tudo certo?
Se não é amor...
Por que que eu não arrumo outra pessoa,
E aceito esse teu caso numa boa,
Porque que eu não me sinto indiferente?
Se não é amor...
Por que que eu não encontro graça em nada
Por que me sinto à margem de uma estrada
Por que não é tudo diferente?
Se não é amor...
Por que que ainda fico a sua espera
Por que, mesmo sabendo que já era,
Meu coração não sai desse castigo?
Se não é amor...
Por que ainda deixo a porta aberta
Por que que essa saudade não se aquieta
Por que que eu não me esqueço de você?

(Luciana Browne & Carlos Colla)

Só falta você


Só falta você
Nesse meu caminho
Só falta você
Pra tirar os espinhos
Dessa vida amarga
Desse meu destino

Só falta você
Pra me encher de cores
Só falta você
Pra tirar as dores
Dessa minha vida
Dos meus dissabores

Só falta você
Pra eu compor a canção dos amantes leais
Pra rever em meus sonhos os sonhos de paz
E fazer as loucuras de amores normais
Só eu e você
Só falta você
Pra tirar a camisa das falsas paixões
Apagar as mentiras e as desilusões
E acender o desejo das grandes paixões.

(Dedê Paraíso)

“Sou egoísta, impaciente e um pouco insegura. Cometo erros, sou um pouco fora do controle e, às vezes, difícil de lidar. Mas se você não sabe lidar com o meu pior, então, com certeza, você não merece o meu melhor!”

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Divã


"Se não era amor, era da mesma família.
Pois sobrou o que sobra dos corações abandonados.
A carência. A saudade. A mágoa.
Um quase desespero, uma espécie de avião em queda que a gente sabe que vai se estabilizar, só não se sabe se vai ser antes ou depois de se chocar contra o solo.
Eu bati a 200 km por hora e estou voltando á pé pra casa, avariada.
Eu sei,não precisa me dizer outra vez.
Era uma diversão, uma paixonite, um jogo entre adultos.
Talvez este seja o ponto.
Talvez eu não seja adulta o suficiente para brincar tão longe do meu patio, do meu quarto, das minhas bonecas.
Onde é que eu estava com a cabeça, de acreditar em contos de fada, de achar que a gente muda o que sente, e que bastaria apertar um botão que as luzes apagariam e eu voltaria a minha vida satisfatória, sem seqüelas, sem registro de ocorrência?
Eu não amei aquele cara.
Eu tenho certeza que não.
Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada.
Não era amor,era uma sorte.
Não era amor, era uma travessura.
Não era amor, eram dois travesseiros.
Não era amor, eram dois celulares desligados.
Não era amor, era de tarde.
Não era amor, era inverno.
Não era amor, era sem medo.
NÃO ERA AMOR, ERA MELHOR"

(Martha Medeiros - trecho do livro Divã)

Eu não sou simples, nunca fui.
Mas sempre quis ser sua.
Você, meu homem, é que não soube cuidar.
E nessa de cuidar, vou cuidar de mim.
De mim, do meu coração e dessa minha mania de amar demais,
de querer demais, de esperar demais.
Dessa minha mania tão boba de amar errado.

Seja feliz!

Você está cheia de memórias (...)
- Eu sei.
Às vezes acho que não vou esquecer. .
Mas está passando.
Vai passar, vai passar.

"Não desista, vá em frente. Sempre há uma chance de você tropeçar em algo maravilhoso. Nunca ouvi falar em ninguém que tivesse tropeçado em algo enquanto estava sentado. "

"Tente. Sei lá, tem sempre um pôr-do-sol esperando para ser visto, uma árvore, um pássaro, um rio, uma nuvem. Pelo menos sorria, procure sentir amor. Imagine. Invente. Sonhe. Voe. Se a realidade te alimenta com merda, meu irmão, a mente pode te alimentar com flores. Eu não estou fazendo nada de errado. Só estou tentando deixar as coisas um pouco mais bonitas."
 
"Não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar,
tem coisa mais auto destrutiva do que insistir sem fé nenhuma?"

"Você vai me abandonar e eu nada posso fazer para impedir. Você é meu único laço, cordão umbilical, ponte entre o aqui de dentro e o lá de fora. Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê. E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-se viva."
" Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo."
" Mais do que querer você de volta, eu me quero de volta, quero a felicidade nos meus olhos mirados em você. Eu quero a gente, eu quero tudo de novo, eu quero as coisas antigas, as primeiras, todas! Me devolve seu sorriso? Parece que eu não te faço mais sorrir, assim eu desespero mesmo. É uma resposta simples pra uma pergunta simples: Você vai voltar? "
"Eu enfrentaria o mundo com uma mão, 
se você segurasse a outra."

terça-feira, 27 de setembro de 2011


"Se for pra ser segunda opção, prefiro não ser nada."
 "Quero falar tudo que tenho vontade, mas me calo. É que calar as vezes é o grito mais alto. Do silêncio saem as palavras mais duras, mais definitivas."
 "E quantas vezes, com os olhos cheios de lágrimas você sorriu?"

"Amigos são para todas as horas, os de verdade são pra sempre."

domingo, 25 de setembro de 2011


O amor que eu dei não foi o mesmo que eu vi acabar.

(Ana Carolina - Vestido estampado)




Eu queria que você se importasse com o que você me faz sentir.

(AD)

Quem quer sair de uma história, cala-se e vai embora.
Porque as grandes dores são mudas.
E decisões definitivas não se demoram em explicações.

(Marla de Queiroz)

Te olho nos olhos

Te olho nos olhos e você reclama
Que te olho muito profundamente.

Desculpa,
Tudo que vivi foi profundamente...
Eu te ensinei quem sou...
E você foi me tirando...
Os espaços entre os abraços,
Guarda-me apenas uma fresta.

Eu que sempre fui livre,
Não importava o que os outros dissessem.

Até onde posso ir para te resgatar?

Reclama de mim, como se houvesse a possibilidade...
De me inventar de novo.

Desculpa...se te olho profundamente,
Rente à pele...
A ponto de ver seus ancestrais...
Nos seus traços.

A ponto de ver a estrada...
Muito antes dos seus passos.

Eu não vou separar as minhas vitórias
Dos meus fracassos!

Eu não vou renunciar a mim;

Nenhuma parte, nenhum pedaço do meu ser
Vibrante, errante, sujo, livre, quente.

Eu quero estar viva e permanecer
Te olhando profundamente."

(Ana Carolina)

Que suas lembranças não sejam o que faltou dizer....

(Carpinejar)

Tem um aviso na porta do meu coração:

"Quem não dança conforme o ritmo da casa,
não perca tempo tocando a campainha. "

(Maria Bethânia - no show Drama – Luz da noite)

Olhar o mundo com a coragem do cego
ler da tua boca as palavras, com a atenção do surdo
falar com a mão e com os olhos, como fazem os mudos!

(AD)


É possível acariciar as pessoas com palavras.

(Francis Scott Fitzgerald)

Não sei qual dói mais, quando acaba, quando sentimos que acabou ou quando a gente precisa cair na real que acabou e já faz tempo. 

(Gabito Nunes)

Não quero

Não quero alguém que morra de amor por mim... Só preciso de alguém que viva por Mim, que queira estar junto de mim, me abraçando.

Não exijo que esse alguém me ame como eu o amo, quero apenas que me ame, não me importando com que intensidade. Não tenho a pretensão de que todas as pessoas que gosto, gostem de mim... Nem que eu faça a falta que elas me fazem, o importante pra mim é saber que eu, em algum momento, fui insubstituível... E que esse momento será inesquecível...

Só quero que meu sentimento seja valorizado. Quero sempre poder ter um sorriso estampando em meu rosto, mesmo quando a situação não for muito alegre... E que esse meu sorriso consiga transmitir paz para os que estiverem ao meu redor. Quero poder fechar meus olhos e imaginar alguém... e poder ter a absoluta certeza de que esse alguém também pensa em mim quando fecha os olhos, que faço falta quando não estou por perto.

Queria ter a certeza de que apesar de minhas renúncias e loucuras, alguém me valoriza pelo que sou, não pelo que tenho... Que me veja como um ser humano completo, que abusa demais dos bons sentimentos que a vida lhe proporciona, que dê valor ao que realmente importa, que é meu sentimento... e não brinque com ele. E que esse alguém me peça para que eu nunca mude, para que eu nunca cresça,
para que eu seja sempre eu mesmo.

Não quero brigar com o mundo, mas se um dia isso acontecer, quero ter forças suficientes para mostrar a ele que o amor existe... Que ele é superior ao ódio e ao rancor, e que não existe vitória sem humildade e paz.

Quero poder acreditar que mesmo se hoje eu fracassar, amanhã será outro dia, e se eu não desistir dos meus sonhos e propósitos, talvez obterei êxito e serei plenamente feliz. Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas... Que a esperança nunca me pareça um "não" que a gente teima em maquiá-lo de verde e entendê-lo como "sim".

Quero poder ter a liberdade de dizer o que sinto a uma pessoa, de poder dizer a alguém o quanto ele é especial e importante pra mim, sem ter de me preocupar com terceiros... Sem correr o risco de ferir uma ou mais pessoas com esse sentimento. Quero, um dia, poder dizer às pessoas que nada foi em vão... que o amor existe, que vale a pena se doar às amizades a às pessoas, que a vida é bela sim, e que eu sempre dei o melhor de mim...e que valeu a pena!!!

(Mário Quintana)

sábado, 24 de setembro de 2011

O que a vida oferece

É preciso dar uma chance à vida, colocando-nos à disposição para que ela nos surpreenda

Conversando outro dia com um senhor saudosista, ele me contou que quando sua filha tinha uns 10 anos de idade, ele costumava pegá-la pela mão e propunha: Vamos dar uma volta na rua pra ver o que a vida oferece.

Tanta gente aí esperando ansiosamente para ver o que a vida oferece, só que não sai de casa, e quando sai, não tem o olhar curioso nem o espírito aberto para receber o que ela traz.

Infelizmente, já não caminhamos pela rua, a não ser num ritmo acelerado, com trajeto definido e com o intuito de queimar calorias. Marchamos rumo a um melhor condicionamento físico, o que é um belo hábito, mas flanar, não flanamos mais. Não passeamos. As ruas estão esburacadas, há muitas ladeiras, o trânsito é barulhento e selvagem, compreende-se. Mesmo assim, a despeito de todos os inconvenientes, é preciso dar uma chance à vida, colocando-nos à disposição para que ela nos surpreenda.

Ao sair sem pressa, paramos numa banca de revistas e descobrimos uma nova publicação. Dizemos bom dia para o jornaleiro e ele, gentil, nos troca uma nota de valor alto. Na calçada, encontramos um velho amigo. Ou um artista famoso. Ou alguém que sempre nos prejudicou e hoje está mais prejudicado do que nós, bem feito.

Na rua, pegamos sol. Paramos para tomar um suco de maracujá com maçã. Flertamos. Um novo amor pode surgir de uma caminhada tranquila numa rua qualquer. E uma nova proposta de trabalho pode surgir de um esbarrão num ex-colega: estava mesmo pensando em te procurar, cara! Se continuasse apenas pensando, nada aconteceria.

Na rua, o jeito de se vestir de uma moça inspira a gente a resgatar uma jaqueta que não usávamos mais. Bate de novo a vontade de ter um cachorro. Descobrimos que é hora de marcar um exame minucioso no joelho direito, por que ele incomoda tanto?
Encontramos umas amigas num bistrô e paramos um instantinho para conversar, e então ficamos sabendo de uma exposição que não se pode perder. Passamos por uma livraria e damos mais uma namoradinha num livro que nos seduz. Ajudamos uma senhora que está saindo com várias sacolas de um supermercado, não custa dar uma mão. Aceitamos o folheto entregue por um garoto na esquina, anunciando uma cartomante que promete trazer seu amor de volta em 3 dias.

Você joga o folheto no lixo, e não no meio-fio. Você compra flores para sua casa. Você observa a fachada antiga de um prédio e resolve voltar ali com uma máquina fotográfica. Você entra numa igreja, não fazia isso há anos. Reencontra um ex-namorado que passa de carro e lhe oferece uma carona. Você nem tinha percebido como havia caminhado e como estava longe de casa. Aceita a carona. Um novo amor não surgiu, mas seu antigo amor foi resgatado em menos de 3 dias, nem precisou de cartomante.

Pode nada disso acontecer, óbvio. Mas sem dar uma chance à vida é que não acontece mesmo.

(Martha Medeiros)
Quero você aqui, no meio das minhas coisas, meus livros, discos, filmes, minhas ideias, manias, suspiros, recortes. Respirando o mesmo ar e todas coisas que alimentam àquela nossa, tua, minha inesgotável saudade. Entra, não pergunte se pode ficar. Vem e fica. Vai e volta.

(Gabito Nunes)

Me diga que está triste, eu consolo. Me diga que nunca foi tão feliz, eu concordo. Me ame ou me odeie. Me mande pra puta-que-o-pariu ou me convide pra ir com você. Exploda na minha cara ou se derreta na minha mão. Deixa eu te ver morrendo de tanto rir ou com vergonha das olheiras de tanto chorar. Só não me esconda o rosto. Me abrace, me esmurre, me lamba ou me empurre. Só não me balance os ombros. Não me perturba assistir tua dor nem acompanhar teu gás. Te ver mais ou menos realmente me incomoda. Mais ou menos não rende papo, não faz inverno nem verão, não exige uma longa explicação. É melhor estar alegre ou estar triste, mais ou menos é a pior coisa que existe.

(Gabito Nunes)
Era disso que eu tinha medo,
o que não ficava pra sempre..

(Dadivosa, música de Ana Carolina - Texto de Elisa Lucinda)

Sozinho não dá


Morro de inveja de gente capaz de viver avulsa. Não por alguns dias ou por um algumas semanas, mas viver, simplesmente, pelo tempo que for necessário.

Para essas pessoas – eu imagino - os namoros começam, acabam e, nos intervalos, elas são felizes de outra maneira. Ou pelo menos tranquilas. Usam o espaço entre romances para conjugar verbos alternativos: ficam, transam, flertam, ciscam, inventam, aprontam, erram. Ou apenas desfrutam delas mesmas e dos seus amigos. Parecem sossegadas, embora convivam com a solidão e com a ansiedade de arrumar parceiros - para a noite, para o fim de semana, para o réveillon que se aproxima. Diante da sugestão de que deveriam ter um namorado ou namorada, desdenham: “Está tudo bem assim”.
 
Como eu disse, tenho inveja, ainda que os céticos possam duvidar da felicidade de quem não tem parceiro fixo. “Quem coleciona casos está sempre sozinho”, dizem. “Parecem felizes, mas não são.” De onde vem tanta convicção? Pois eu suspeito que haja uma multidão de pessoas capazes de sobreviver por longos períodos numa dieta emocional que seja rica em sexo e novidades, ainda que tenha pouco afeto. É uma questão de temperamento, idade e formação. Talvez até de sexo. Muita gente parece gostar de confusão e variedade tanto quanto gosta de romance – ou ainda mais. E o número delas cresce.
 
Não é o meu caso, porém.
 
Como milhões de homens e mulheres, fico aflito na falta de uma relação de referência. Não consigo relaxar e improvisar. A ideia de sair à toa e arrumar alguém é mais assustadora que excitante. Ficar em casa tampouco é opção. Pode ser tolerável por uns dias, mas rapidamente se converte num inferno. Solidão apavora, como diz aquele samba lindo do Caetano. Há os amigos, graças a deus, mas eles não suprem carências essenciais. Pegar na mão, beijar na boca, dormir de conchinha e fazer planos (além de sexo relaxado, sem aquela sensação boa/ruim de primeira vez) é coisa que se faz com parceiro habitual ou fixo - que a gente, quando não tem problema com as palavras, costuma chamar de namorada.
 
Saber do que eu gosto e do que eu preciso não quer dizer que eu ache isso bacana 100% do tempo. Se pudesse escolher, provavelmente pegaria para mim mesmo outro temperamento. Em vez de namorador compulsivo seria, por exemplo, Desapegado 2.0. Sabe aquele cara que fica na dele por um tempão, testando sem pressa, até cansar, enjoar ou pintar a pessoa certa? Ou a garota que adora ficar sozinha na casa dela e sair com as amigas, mas não tem dificuldade em arrumar parceiros quando deseja? Então: tenho a impressão de que esse pessoal se diverte mais, embora eu não tenha muita base para comentar. A grande maioria dos meus amigos se parece comigo.
 
Eles ou elas se separam, declaram de boca cheia que vão ficar livres e solteiros por um bom tempo, mas, dias ou semanas depois, já estão lá de novo, publicamente enredados – com as mais variadas (e, admitamos...) singelas explicações. “Achei a mulher da minha vida”, é comum. “Nunca estive tão apaixonada”, também é frequente. Quem consegue discutir com um argumento desses? Eu não, mas fico sempre com a impressão de que tem aí uma espécie de dependência. Assim como há gente viciada em sexo, há outros viciados em amor, ou em situações assemelhadas. Essas pessoas precisam sentir-se apaixonadas para conseguir suportar o dia-a-dia. Acabam forçando a barra. Quem se apaixona assim, de uma hora para outra, e repetidamente? Sei não...
 
Entre os namoradores compulsivos e esses viciados em amor existe uma sensação comum: a de que sozinho ou sozinha simplesmente não dá, por inúmeras razões. Os fins de semana são muito longos, há feriados demais no Brasil, as contas dos bares e restaurantes estão absurdamente caras, viajar sozinho é melancólico, dar presente é uma delícia, receber é ainda melhor, dormir a dois no inverno é essencial... Enfim, há inúmeras razões práticas para explicar o apego das pessoas ao acasalamento, mas nenhuma é tão forte quando a sensação, intraduzível, de que a vida sozinho (ou sozinha) não faz sentido. Quem tem essa sensação acaba sendo atraído para o outro, embora até gostasse, em teoria, de tentar viver de outro jeito.
 
Dito isso, eu confesso que tenho alguma inveja dos aventureiros.
 
Eles são empreendedores do afeto: começam o dia sem nada assegurado, trabalhando e apostando que vai dar certo. Às vezes ganham, muitas vezes voltam para casa lambendo as próprias feridas. Há poesia nisso, embora possa estar soterrada por uma camada de babaquice. Um aventureiro de verdade não é um colecionador que precisa exibir conquistas ou um carente que não conseguir ficar sozinho. Ele (ou ela) gosta de seduzir e gosta de liberdade. Gosta de sexo e variedade. Encontra na diversidade o que a maioria de nós acha apenas na singularidade de um indivíduo. Mas quem é assim, ou quer viver assim, deveria saber que há um preço a pagar. No fim da noite, se nada der certo, não pode virar um chato, mendigando afeto e companhia a quem estiver do lado. É preciso ter dignidade nessa hora. É preciso ter lido Charles Bukowski.

(Ivan Martins)

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Apaixonar-se é possível


Por que as pessoas se apaixonam? Nos últimos dias eu tenho pensado nisso: por que algumas pessoas, e não outras, nos cativam?

Homens e mulheres são atraídos uns pelos outros o tempo inteiro, por diversas razões. Umas pessoas são bonitas, outras são sensuais, algumas têm carisma. Mas poucas causam impacto. Por alguma razão, a graça desaparece e com ela o desejo de rever.

Essa é a regra nas grandes cidades: tentativa e erro. Aquilo que os cínicos chamam de mercado e os pessimistas de selva. Outro dia alguém me disse um nome novo: prateleira. Acabou o namoro, estava na prateleira. Tipo sucrilhos.

As mulheres se queixam disso. Sentem-se usadas. O sujeito se esforça em seduzir, é todo gentilezas, desdobra-se em safadezas e, dias depois – às vezes, horas ou minutos depois – veste a calça e some para nunca mais ser visto.

Tudo isso parece premeditado. Mas eu posso atestar, tendo ouvido centenas de depoimentos espontâneos, que o homem está sinceramente empolgado quando faz a corte. Mas a empolgação desaparece, o desejo passa, uma mistura de culpa e chateação aflora. É hora de ir embora.

Às vezes, porém, muda o roteiro. Nessas raras ocasiões os homens têm vontade de ligar e dizer coisas doces. O sujeito – ou a mulher – se põe a fazer planos inconfessáveis de tão precoces. Na hora do sexo, se pega dizendo romantismos. Esses são sinais de sentimentos duradouros. Pode ser o começo de um romance.

A explicação simplista para o fenômeno é a química. A pele e o temperamento se combinariam para formar uma conexão. Mas eu não acredito nisso. Ao longo da vida as pessoas se envolvem com parceiros totalmente diferentes entre si. A qual química teria de ser muito flexível ou inteiramente mutável.

Prefiro acreditar em momento. A cada período da existência nós queremos algum tipo de coisa, que ganha a forma de uma pessoa. Pode ser ternura, pode ser firmeza, pode ser racionalidade ou maluquice. Provavelmente é uma combinação de qualidades e defeitos que formam uma receita de felicidade: você foi feita pra mim, a gente tem vontade de dizer.

E foi mesmo, não? Entre 6 bilhões de pessoas, num mundo cheio de gente, lá está ela, totalmente única. Para este momento da vida, seu sorriso. Para este momento da vida, sua delicadeza. Para este momento, a sensualidade dos seus pés quando me tocam. É o que se pode desejar. É bom. É frágil. É sobre isso que se constrói. 

(Ivan Martins)

Solidão contente


Ontem eu levei uma bronca da minha prima. Como leitora regular desta coluna, ela se queixou, docemente, de que eu às vezes escrevo sobre “solidão feminina” com alguma incompreensão.

Ao ler o que eu escrevo, ela disse, as pessoas podem ter a impressão de que as mulheres sozinhas estão todas desesperadas – e não é assim. Muitas mulheres estão sozinhas e estão bem. Escolhem ficar assim, mesmo tendo alternativas. Saem com um sujeito lá e outro aqui, mas acham que nenhum deles cabe na vida delas. Nessa circunstância, decidem continuar sozinhas.

Minha prima sabe do que está falando. Ela foi casada muito tempo, tem duas filhas adoráveis, ela mesma é uma mulher muito bonita, batalhadora, independente – e mora sozinha.

Ontem, enquanto a gente tomava uma taça de vinho e comia uma tortilha ruim no centro de São Paulo, ela me lembrou de uma coisa importante sobre as mulheres: o prazer que elas têm de estar com elas mesmas.

“Eu gosto de cuidar do cabelo, passar meus cremes, sentar no sofá com a cachorra nos pés e curtir a minha casa”, disse a prima. “Não preciso de mais ninguém para me sentir feliz nessas horas”.

Faz alguns anos, eu estava perdidamente apaixonado por uma moça e, para meu desespero, ela dizia e fazia coisas semelhantes ao que conta a minha prima. Gostava de deitar na banheira, de acender velas, de ficar ouvindo música ou ler. Sozinha. E eu sentia ciúme daquela felicidade sem mim, achava que era um sintoma de falta de amor.

Hoje, olhando para trás, acho que não tinha falta de amor ali. Eu que era desesperado, inseguro, carente. Tivesse deixado a mulher em paz, com os silêncios e os sais de banho dela, e talvez tudo tivesse andado melhor do que andou.

Ontem, ao conversar com a minha prima, me voltou muito claro uma percepção que sempre me pareceu assombrosamente evidente: a riqueza da vida interior das mulheres comparada à vida interior dos homens, que é muito mais pobre.

A capacidade de estar só e de se distrair consigo mesma revela alguma densidade interior, mostra que as mulheres (mais que os homens) cultivam uma reserva de calma e uma capacidade de diálogo interno que muitos homens simplesmente desconhecem.

A maior parte dos homens parece permanentemente voltada para fora. Despeja seus conflitos interiores no mundo, alterando o que está em volta. Transforma o mundo para se distrair, para não ter de olhar para dentro, onde dói.

Talvez por essa razão a cultura masculina seja gregária, mundana, ruidosa. Realizadora, também, claro. Quantas vuvuzelas é preciso soprar para abafar o silêncio interior? Quantas catedrais para preencher o meu vazio? Quantas guerras e quantas mortes para saciar o ódio incompreensível que me consome?

A cultura feminina não é assim. Ou não era, porque o mundo, desse ponto de vista, está se tornando masculinizado. Todo mundo está fazendo barulho. Todo mundo está sublimando as dores íntimas em fanfarra externa. Homens e mulheres estão voltados para fora, tentando fervorosamente praticar a negligência pela vida interior – com apoio da publicidade.

Se todo mundo ficar em casa com os seus sentimentos, quem vai comprar todas as bugigangas, as beberagens e os serviços que o pessoal está vendendo por aí, 24 horas por dia, sete dias por semana? Tem de ser superficial e feliz. Gastando – senão a economia não anda.

Para encerrar, eu não acho que as diferenças entre homens e mulheres sejam inatas. Nós não nascemos assim. Não acredito que esteja em nossos genes. Somos ensinados a ser o que somos.

Homens saem para o mundo e o transformam, enquanto as mulheres mastigam seus sentimentos, bons e maus, e os passam adiante, na rotina da casa. Tem sido assim por gerações e só agora começa a mudar. O que virá da transformação é difícil dizer.

Mas, enquanto isso não muda, talvez seja importante não subestimar a cultura feminina. Não imaginar, por exemplo, que atrás de toda solidão há desespero. Ou que atrás de todo silêncio há tristeza ou melancolia. Pode haver escolha.

Como diz a minha prima, ficar em casa sem companhia pode ser um bom programa – desde que as pessoas gostem de si mesmas e sejam capazes de suportar os seus próprios pensamentos. Nem sempre é fácil.

(Ivan Martins)

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Eu te amo

Eu te amo.
Mesmo negando.
Mesmo deixando você ir.
Mesmo não te pedindo pra ficar.
Mesmo não olhando mais nos teus olhos.
Mesmo não ouvindo a tua voz.
Mesmo não fazendo mais parte dos teus dias.
Mesmo estando longe, eu te amo.
E amo mesmo.
Mesmo não sabendo amar.

(Caio Fernando Abreu)

domingo, 11 de setembro de 2011

Chorei

Ontem chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fosse e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas.Versos brancos. Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido junto das cartas envelhecidas no guarda-roupa. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia. Chorei. 

(Caio Fernando Abreu)